segunda-feira, 30 de dezembro de 2019


O poema veio cheio de fogo
Sentiu o ar e bebeu da   agua da liberdade
Procurou sereias no mar
E tocou os céus como pássaro
O poema estava preso achando que era livre.

Alexandre Lucas  


Meus pensamentos atravessaram a paciência
Enquanto tecia a rede para balançar a alma
O vesso se contorcia atordoado
A luta se tornou parte do poema e do pão  
Em cada alvorecer das ideias peço calma
Para persistência de caminhar e amar
A vida se reinventa no aço, no beijo e desespero
E  em cada cruzamento do pensamento.   
  

Alexandre Lucas  

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Nossas bocas que nunca se cruzaram
Fizeram amor com afinco
Molhou o infinito das beiras
Dos grandes lábios
Movidos pelo vapor  da palavra , sua o verso
No exercio do prazer
Nem sempre o corpo transita no amor.


Alexandre Lucas

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A pipa voava, mas tinha uma linha que segurava
O vento não  bastava
Subia aos céus 
Mas não  podia vasculhar sua imensidão
Tomar café para pensar nas pipas e na raiz  da vida que  nunca é quadrada
Faz vento
E a solidão  me faz querer voar
Que o vento não  tenha linha e que o amor seja um céu para ser assanhado sem dor, sem pudor ou um nenhum por favor.


Alexandre Lucas
A palavra e a carne
Parece fazer samba
Na nossa conversa
Esquenta o fogo e o afeto
Nos coloca pelo avesso
E faz sambar a imaginação
O verso até  rebola
Quando a carne se esquenta na brasa da palavra.

Alexandre Lucas

sábado, 7 de dezembro de 2019

Eu me assassino a cada instante
Logo eu,  que não  quero morrer
Mesmo assim estou morrendo
A vela ja colocaram nas minhas mãos
Quero mesmo é que ela queime
Só para gritar e acordar a passividade
Espero o verso vivo
O desejo do gozo
A alegria de chupar picolé  no banco da praça
De renascer a cada encontro.
Quero mesmo é matar a morte.

Alexandre Lucas
Eu que não sou de sequestrar trem nenhum
Nem de roubar coração
vejo um trilho que me leva a vários caminhos e  um coração que  bate
Quando criança via o trem passar
Meu desejo era subir no ombro dele e seguir
Eu que nunca tive coragem de seguir o trem
Ainda tenho desejos.


Alexandre Lucas
Nunca nos encontramos 
Eu e Ritalina
Dizem que ela ė mimha metade, talvez uma sereia 
Mas sereia ė conversa de pescador
Desses que pescam mais invenções  do que peixes
Sereia ou não  
Um dia quero provar dela 
Sentir o seu gosto
Dentro dos meus pensamemtos 
Talvez por alguns dias 
Ou uma vida inteira 
Dizem que ė  sempre tempo para encontros
Un dia encontro Ritalina .

Alexandre Lucas

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A poesia estava ali
No meio do parto
Passando pela chuva
Debaixo do sol
Na terra da dor
O poema se fez natal
Trançado entre línguas
Descobriu a mudança 
Nu se fez encanto
A poesia já  estava aqui
Quente e despida.

Alexandre Lucas

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Tenho medo da palavra não dita
Da exclusão
Da inclusão sem consulta
Da dominação,
Tenho medo da bala, da faca, da fala
Do domínio invisível do capital
Da rapidez e da força da opressão 
Do Preconceito, do olho avesso
Do desrespeito, da perna que ultrapassa sem permissão
Tenho medo dos que não sabem dizer não 
Que proliferam a hipocrisia e esquecem da poesia
E ainda tenho medo  do corpo livre e do corpo fechado
Numa sociedade de um povo privado.


Alexandre Lucas
Um meliante  tingido de cinza
Incitava gritos 
Feroz e demente
Gargalhava
Numa viela de três metros
O amor passava longe
Já o ódio se fez sangue e morte
e o silêncio é um estado de impunidade
e o baile continua resistindo.

Alexandre Lucas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Passei a manhã toda tentando escrever sobre tua boca, teu toque,  teu olhar
Tentei escrever de várias formas
Apaguei palavra, acrescentei outras
Modifiquei a ordem
Só conseguia lembrar do teu gemido e do teu rebolado
Acho que a poesia estava ali indescritível.

Alexandre Lucas

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O vento  traz um trem de  palavras
Afiadas de afeto
Talham a alma
Numa fé tecida de versos
Que  vão
E nem sempre voltam
A palavra e o corpo se tecem com fome e esperança
E o teu rosto se faz ventre
Onde germina a febre dos desejos e a faca para partilhar a vida.


Alexandre Lucas

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Olhando o livro
Li nosso último e único encontro
Costurado com conversas
Traçado entre línguas e dedos
Um verso de desejo
Transbordado na tua boca
Tumulto em corpos de serenidade 
O ser na coletividade roga por amor
Como a árvore frutífera
Roga pela água
Resta a memória
A compreensão de que existe despedida
Que lê a macieira mordida
Sorrindo de pecado.


Alexandre Lucas

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Espero que o tempo frio passe logo
Que venham as férias
Tingida de beijos e com grandes lábios e que eles sintam o terremoto de prazer que é um corpo em verão
De dezembro a dezembro,
dia após  dia, verso apos língua
Respiro
O sol se instalou e derreto a cada  vontade.



Alexandre Lucas
Faz sol durante a noite
A lua se faz  rede
E o pecado parece nublado
Ainda talho a esperança
Para me fazer parte do teu corpo
Conforto quente
Nos meus olhos descrevo
a dança pulsante   da lua e do sol.

Alexandre  Lucas

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Teu sorriso se abriu 
Enquanto tuas pernas se  molhavam 
As mãos  passeavam pelo  teu rosto procurando a sabedoria da lua 
Nutrir um céu  azul calmo
Cheio de aconchego
Teus olhos fechados 
Regava o sertão  e o fervor 
Enquanto desejava nascer dentro do ventre
Molhado, quente e companheiro. 


Alexandre  Lucas

sábado, 2 de novembro de 2019

Quantas noites  fizemos amor, sem se ver?
O desejo é assim supreendente
Parece até artista, não  é adpto de regras
É irrevetente
Da vontade, fico debulhando a imaginação 
Deve ser amoroso  seu   encaixe, que como a noite se encaixa nas estrelas
No fluxo das lembranças
Vem corpo nu, sem ser ponderado
Eu que desconheço as tuas formas e teus suspiros
Apenas  flutou
Tuas palavras são intessantes quanto tua  boca
Que mesmo calada profana sabores.

Alexandre Lucas

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Tua boca esbanjada
E o filme passando
É uma viagem nua
Onde a  dança se embola com as palavras e o olhar
Unir o verso na paciência e na loucura
Maturar o  desejo
Quente como setembro
Para sentir o gosto da tua boca
Esbanjada na minha.

Alexandre Lucas

domingo, 13 de outubro de 2019

Diante da saia colorida e do vestido florido na boca,
A esperança fez foco
Era a vida passando
Cheia de imaginação
A persistência se fez família
Algo próximo e indissociável
Assim como o desejo que anda alado da imagem
E os amigos também amam 
Com versos, corpos despidos e paz
Afinal  não fazemos amor com os inimigos.


Alexandre  Lucas

sexta-feira, 11 de outubro de 2019


Queria me inquietar nos teus crespos prazeres
Atravessar tua carne para florear nossa alma
Acender a luz do abajur dos olhos
Acreditar no verso carnívoro
Aquele que verseja a esperança
Sinto o vento quente, deve ser o calor cheio de lua   
Posso escutar o canto gemido que renasce a cada encontro   
Que o porto não seja caixote
E que viver, lutar e amar sejam como grãos de areia
Que passam pelas cercas e que se encontram em qualquer lugar.


Alexandre Lucas

Se o desejo fosse monocromático
Harmonioso, de uma só cor
A alegria e a  amizade poderia  ser intensamente colorida
Para a gente sentir a respiração junta aos lábios
Receber a brisa e se fazer teia na alvorada
Sentir a plenitude do fogo
E a trepidaçao do gozo
Até as estrelas ficaram   próximas e se vestirem de alucinação.

Alexandre Lucas
A maldade também veste lattes, com algumas exceções
Ela se pinta de seletividade, engole vaidades
E enxerga o mundo, a partir das suas sobrancelhas
Ler as narrativas e constroem seus personagens a partir do seu script
Resumido de suposições
Confunde pão com rocha
E coloca à mesa para ser servido
Enquanto isso, nem todos comem a notícia.


Alexandre Lucas

sábado, 5 de outubro de 2019

Eu quase que entrava dentro do teu sorriso
Só pela aproximação do verso feito pelo olhar
Trocaria os lençois frios
Para acolher teu corpo
E desenhar sobre teus mamilos a presença do pecado
Desejo conjugado
Na sala do suco
E no poema em construção
Deitado, revirando o amor até chega em Roma dentro de ti.

Alexandre Lucas

Acordei com uma vontade de debulhar palavras
Soprando nos teus ouvidos lentamente
Como se fosse acender o fogo
A gente sopra devagarzinho para não se apagar de uma vez   
Fogo acesso,  
As palavras se devoram,
O corpo se trança no outro
Entre entranhas, braços, penas e bocas   
Fazendo chamas
Ainda com vontade, continuo acordado.

Alexandre Lucas    

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Eu que não sei das escrita dos teus lábios e nem dos cachos da tua língua
Sinto o vento que me joga
A luz apagada átiça os desejos
O verso vem na palma da mão como carinho
Faz calor, não é tempo de espera
A nudez da pele faz empatia  com a poesia que nos cerca
O corpo nu e a palavra sem arrodeios tem tom ruivo
Como a carência que pede a  presença da carne e do verso.


Alexandre Lucas
A noite poderá  ser nossa
Talvez o corpo seja bordado de carinho
Sem culpa,  os pudores poderão  ser rasgados
O afeto costurado com o som da vontade e os toques eriçados da pele
A  música trans-pira nos lábios mordidos
Num molotov de esperança
Surgirá brilhos de alegria
A paz pede a dança dos olhos e o corpo  quente
Num bombardeio de desejos.

Alexandre Lucas

domingo, 22 de setembro de 2019

Encaixe-me dentro dos meus gemidos
A noite recortava pedaços de momentos
Refazendo uma colagem de carne e olhares
Um corpo de mil faces se fez
A palavra tingida de saliva e suor escreveu um poema profano sobre a pele
E os gemidos apenas anunciaram que o prazer é canção que não se canta só.


Alexandre Lucas
Era um corpo vermelho onde sobressaia um corpo nu
Tinha um salto de quatro dedos, apesar de não gostar de saltos
Eles deixaram  nossas bocas rentes
Dois palmos e um sorriso
E saiu
E olhei o desfile querendo  outro desfecho.

Alexandre Lucas

domingo, 15 de setembro de 2019


Publiquei nos jornais
Preciso de uma massagem de língua
Sem troca de valores
E tempos pré-estabelecidos
Dessas que retiram tensões
Alongam a imaginação
E que até fazem nascer dos sorrisos, flores
Massagem língua que contorcem as páginas de jornais    
Enquanto leio tuas pernas.

Alexandre Lucas   

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Gosto de acordar com o canto dos pássaros
Roçar os pés e sentir a trama das pernas
O desejo latejando
E o corpo fiando em outro corpo
uma costura sem ponto
Entre o falo e a língua
Costurar os lábios
Fazendo das manhãs
Um poema cheio de gozo.

Alexandre Lucas

Escondi-me no quarto para voar
Sobre teu corpo fui às estrelas e rastejei como serpente
Envolvido na maça santifiquei o pecado
Fora do quarto escondo as asas e deixo aparente, só os versos.


Alexandre Lucas

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Amolo o tesão com a língua
E a faca deixo cega
Fagulhas dos olhos
Se afinam as estrelas
E nós em terremotos
Nos lavamos de prazer.
Alexandre Lucas

terça-feira, 3 de setembro de 2019


A delicadeza perdi no caminho
Não sei se foi no meio, no início
Mas foi no caminho
Ainda ando procurando caminhos
Encontrei infinitos céus  e inúmeros infernos
Cada qual o com o seu caminho
Já a delicadeza está difícil de encontrar.

Alexandre Lucas     


Quero um poema
Silencioso, para uma noite de gritos
Durante a noite
Quero mesmo é gemido e gingado  
Corpo entrançado
 Boca sendo ouvido da boca
Um poema socado de prazer
Socado, socado e socado
Sem nenhuma porrada
Olhos revirados
Corpos quentes
E um desejo queimando  os lençóis   

Alexandre Lucas    


Cobri-me de espinho
E não foi uma escolha
Espinhei e fui espinhado
De tempos em tempos e por um curto tempo
 Sou rosa
Tenho cheiro forte e beleza encantadora
Mas murcho
As rosas desaparecem rápido  
E os espinhos espinham
Não culpem as rosas, muito menos os espinhos.

Alexandre Lucas

domingo, 25 de agosto de 2019


Entendo das ferrugens
E dos ácidos tóxicos
Mentira, a tabela periódica
Sempre foi um transtorno
Assim como os amores
A composição  são  ingredientes  desconhecidos,
Por isso, muitas explosões,
Nada previsível.
Dizem que o Amor é para explodir   
De raiva ou de brilho
Dessa química, a tabela periódica sempre foi rasgada.
Como o vento que rasga o vento

Alexandre Lucas

domingo, 18 de agosto de 2019

Entre as cruzes
Carrego as minhas escolhas
Um terço de sentenças para orar todos os dias
Um sol e uma lua para reinventar as nuvens
Uma bandeira para estender, dormir e amar
Carrego a escolha, que posso voar,
Pelo menos por alguns instantes.

Alexandre Lucas

sábado, 17 de agosto de 2019

O  amor se espalha no horizonte
Mesmo com a lealdade violenta
Da verticalidade do poder
Um sentimento forte diz: 
Segue camarada
Na confiança que a felicidade não é eterna
Sigo 
Vou catando esperança,
Mesmo o espinho não deixando de ser sincero.

Alexandre Lucas

A solidão da cozinha temperava uma canção
Escutava a lua, que mesmo silenciosa
Fazia-me suar,
O violão entoava tua boca cheia de mãos
E o teu sexo fervia
Enquanto me deslizava pelos teus lábios.

Alexandre Lucas   



O vento presente sopra dúvidas
Poderia soprar tua roupa
Descobria teus sinais
E deles faria uma constelação
Construiria uma história de verdade
Para o tempo efêmero  
Entra a bússola e a busca
Ainda não temos respostas
O vento parece ser forte
E no cotidiano vamos sendo levados  
Pelos redemoinhos das relações.


Alexandre Lucas




Recebi promessas
E um saco vazio
Nunca conseguir encher
Nem de saudade e nem solidão
Muito menos de paz e de saúde
É tempo de celebrar a casa vazia
Já guardo muitos gritos
A tranquilidade é um  haikai
De tempos em tempos:  encontramos
Talvez o saco esteja cheia
E seja preciso esvaziar
Dizem que viajar é celebrar a vida
Só não sei se devemos levar o saco.

Alexandre Lucas   


Gosto mesmo é de subir nas cadeiras
De beijar com gosto  e de escutar gemidos
Tomar café na banca de bombom
E de ver as crianças brincando no terreiro
De chupar manga para ficar com a boca amarela
De falar palavrinhas e palavrões
Ser coloquial no desejo
A norma culta é uma jaula fria
Em que as flores não aparecem.

Alexandre Lucas   

quarta-feira, 14 de agosto de 2019


Costurar nuvens é complicado
Nunca é possível concluir
É como querer beijar a boca
Vendo uma fotografia distante
Prefiro é imaginar a delicadeza do carinho
E o absurdo do prazer.

Alexandre Lucas   

domingo, 11 de agosto de 2019



Homem chora 
Se estrepa e trepa 
Usa batom, chupa o que quiser
Homem chora pelo amor que não veio
Pelo te amo que perdeu
.... homem aprende desde cedo
A ser o que não presta
A dividir as cores, brinquedos e conter as lágrimas
Homem aprende a ser macho,
E isso não presta.   

Alexandre Lucas

sexta-feira, 2 de agosto de 2019


Descobrir o sabor da  conversa
Longe do sol e da pressa
Esquecendo a hora
Sentindo o gosto agradável da palavra
Encontro  um jardim de letras e de sombra
Para tomar do tempo a palavra que me foi roubada.

Alexandre Lucas  

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Eu sei
É um verso terminantemente impróprio
Quando saber é infinitamente o verbo
Mesmo sabendo que sei,
ainda falta saber 
Sobre os segredos não descritos nas palavras ditas.


Alexandre Lucas

Quando criança sonhava com as nuvens
Elas eram macias, mas assustavam
Eram bonitas, mas  grandes
Quando criança cabia dentro delas
Isso já não era mais sonho
E eu pedia para acordar.

Alexandre Lucas    

domingo, 7 de julho de 2019


O jantar está  pronto
Os lustres fazem parte da comida  
Comem tudo,
Calados comem até as suas mentiras de economia e de amor solidário
Não serei o poeta fino e requintado, para jantar lustres
Lustres não matam a minha fome   
Cuspirei no caviar
Comerei de capitão
Mijarei  nos paletós
De Balburdia será a poesia
Enquanto o prato de cristal
For da casa grande
Nossa poesia proletária
Não jantará  presunto ibérico  recheado de hipocrisia.  

Alexandre Lucas    


No campo do quarto estão os nossos corpos
 Jogando  entranhados
Sem juízes, jogamos no meu time
Acertamos nas estrelas e na abstração da linguagem
Realidade
Teu copo  cheio de leveza faz flutuar  teus olhos
Um toque de carrossel na alma
Deixa tudo em harmonia.

Alexandre Lucas  


Tem grade de faca
No horizonte da consciência
De faca em faca
Contaram  a liberdade e os sonhos
Mas ainda tenho janelas
O sol continua sinalizando as manhãs
E o espelho, quebrei
só para fazer um verso cheio de luz
vamos dando sentido as coisas
quando não é  possível enxergar tão longe vamos imaginando  
Guardo retratos na cabeça, alguns me deixam com fome
Pois lembro o quanto é bom assanhar o cabelo.

Alexandre Lucas   

segunda-feira, 1 de julho de 2019


Decidir florescer palavras
Por alguns instantes
Talvez o tempo de uma flor
A palavra chega para ficar mais que a flor
Tão necessária como  arroz e feijão, 
A  palavra   é trivial
Posso viver sem nenhum jardim
Mas não tire as palavras  
Venha bagunçar  as letras  e os assanhar meus cabelos
Nada acontece pelo  acaso
O ser que cria a palavra
É imprescindível
Para criar a flor.  

Alexandre Lucas

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Institucionalizaram as relações
A república do amor
Fez teses 
e a burocracia do afeto se  fez fluxograma
A política do desencanto
Vestiu farda para ser identificada
Enquanto isso fiquei nu
Em pleno tribunal
Só para desacatar
Os paletós e as maquiagens.

Alexandre Lucas 

quinta-feira, 27 de junho de 2019

No carro apertado, que cabia apenas nossas bocas
Um verso gostoso se escreveu entre as línguas
O despertador  tocou
Nem sempre o sonho dura muito.

Alexandre Lucas 

Tinha uma maquiagem na mesa
Taquei na cara
Deformei meu rosto
Eu que achava que não tinha escondido nada
Escondi minha fúria e meu sorriso
Meu rosto pintado
Esconde desejos
 E diz quem eu não sou.

Alexandre Lucas    

domingo, 23 de junho de 2019


O quarto estava cheio
Dividia ele  com lembranças, fogos e fogueiras  
Rabiscava  num canto da parede
Gritos
O corpo jogado nas lágrimas
Ensaiava um manifesto
Escrito com cacos de vidro
Que dizia que algo estava queimando
E não era festa.  

Alexandre Lucas   

segunda-feira, 17 de junho de 2019


Sobre a morte quero quase sempre a vida
Não dará para fazer tudo amanhã e nem agora
Faço planos que não cabem na cabeça
Não sei se é preciso ter pressa
Voar ou cessar
Na parede está escrito  que Deus está voltando
Nos templos, deus se confunde com o diabo
As ruas estão desertas
E a tristeza conversa no quarto
Um homem bomba a qualquer momento pode explodir
Na sua carta cheia de vida, todas as palavras
Menos mimimi.

Alexandre Lucas    

quarta-feira, 12 de junho de 2019


Sobre o amor
Não busco nos dicionários
Nem nas bulas padrões do comportamento
O amor é prisão, desde que cercaram o nosso corpo,
Antes precisaram cercar a terra e a nossa consciência   
Presos,  nutrimos tantas coisas
Inclusive a esperança
Enquanto existir a propriedade privada, inclusive a  minha e a tua
O amor será restrito.

Alexandre Lucas  

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Enquanto bebia o café
A sensação quente
Do primeiro abraço
A pele e  o cheiro desconhecido
Uns goles de paz,
O gato se distrai 
O tempo é curto
Mas o copo,  apesar de vazio
Aguarda o próximo café
Que seja demorado
 E entrelaçado de carinho.

Alexandre Lucas

quarta-feira, 1 de maio de 2019

O tempo dos afetos tem um relógio inquieto
Os seus ponteiros apontam imagens
Agora
Falta-me água e sobram palavras presas
Vejo uma cachoeira de cachos que bordam risos
 O sol fica azul e a noite amarela 
Os céus cheios de flores se  acariciam com as estrelas
O vento sopra uma fala mansa e um par de olhos pequeninos
Cheiro de mato, alecrim
Suor, chá de amor desconhecido
Penso na textura e no sabor  dos teus movimentos
O relógio gira
A cada passo,  as palavras ainda tímidas,  fazem cachos.


Alexandre Lucas

segunda-feira, 22 de abril de 2019


Tomo muito café
Alguns bem doces,  outros amargos,
Tem  aqueles que esperamos esfriar um pouco
Outros já são frios demais
Provo das paixões e dos cafés
O café tem vida curta, como as paixões
Enquanto o café acaba
Vou colocar-me  no fogo.

Alexandre Lucas

quinta-feira, 18 de abril de 2019


Escreverei  inúmeras cartas de amor
Em nenhuma, escreverei  para sempre ou eternamente  
Escreverei  cartas de amor para o tempo presente
Dez cartas de amor, cem cartas de amor
Inúmeras cartas de amor por dia, mas que isso,   para amores diferentes
Escreverei cartas sinceras,  intensas e efêmeras como as imagens das nuvens  
Escreverei cartas entorpecidas e libertárias, cartas de amor
Cartas para serem sentidas com a língua e o riso para o horizonte
Escrevo cartas de amor
Mesmo as cartas de amor sendo proibidas
Num tempo em que terra, amor e cartas são privadas.

Alexandre Lucas   

domingo, 14 de abril de 2019


É tudo mentira
Até a própria mentira
É uma grande mentira
O que seriamos de nós sem as mentiras?
A liberdade continua sendo uma mentira
Tem gente que encontra deus na goiabeira
E diz que arma de fogo é para proteger
É tudo mentira.
Mas alguém precisa acreditar em alguma coisa
Quando a verdade é uma mentira o que nos resta?
Dizer verdades mentirosas?

Alexandre Lucas

segunda-feira, 1 de abril de 2019


Eu que queria amar a noite toda
Fico apenas com as palavras
E com a vontade
A noite anuncia que será longa
De companhia, além das palavras
Apenas o corpo molhado da chuva
E as luzes dos trovões
Eu que tenho pouco tempo,
Talvez não possa amar a noite inteira
Mas quando ela deixa
 Amo por uma noite inteira.

Alexandre Lucas     
   

Qual o sabor da tua boca?
Esbugalhada,
Ela textualiza um verso profano
Vejo delicias escritas
Entre língua e lábios
A carne se faz escrita delirante
A tua boca é um livro desses que desejamos ler.  

Alexandre Lucas

terça-feira, 19 de março de 2019

Que os abraços possam ser quentes
Mas que a cidade seja agradável
Que os tapetes pretos de asfalto
Possam ser xadrezes de rochas
Que as águas banhem o corpo do solo
E as árvores possam acolher os afetos
Que o ar seja outro, menos carros
Ruas misturando gente e edificando saberes
Que os pássaros sejam livres na cidade
Que as frutas estejam ao alcance das mãos
Uma cidade que alimente barrigas e sonhos
que a poesia seja espalhada por toda a cidade
substituindo todas as embalagens.
Que as crianças conheçam a cidade sem os enlatados
E sem o véu cinza de urbanização antissocial.



Alexandre Lucas

domingo, 17 de março de 2019

Tenho  a idade dos meus sonhos
As vezes,  eles, meus sonhos    
Tem a idade do meu filho
As vezes eles são pequenos,
Outras vezes  gigantescos
Alguns são novos e outros bem velhos
Tenho a idade para beijar na boca
E para vestir o corpo despido
Tenho  idade dos que choram e dos que gritam
Dos que calam também
A idade nunca deveria ser medida pela carcaça
Os sonhos nunca se medem pelo tempo.


Alexandre Lucas 

sábado, 16 de março de 2019


Já não tenho lembranças do sabor do teu beijo
Que se fez verso como a primavera, passageira
Tua boca fez silêncio, mas teus olhos escreveram tantos poemas
Que cheguei a pensar que Paraty
Estava bem aqui, nos toques das mãos.

Alexandre Lucas      


Queria comprar felicidade na esquina
Mas se na esquina tivesse felicidade para vender
Muita gente ficaria infeliz
Não teriam como comprar felicidade
Dizem que a felicidade não é permanente
É visitante
Acredito nisso
Entretanto fico na dúvida
Se ela não está à venda esquina.

Alexandre Lucas   

terça-feira, 5 de março de 2019


Vesti a melhor roupa, a que estava limpa e confortável
Não tirava os olhos do relógio
Dias confeccionando risos,
Se aproximava o momento
O relógio parecia mais lento
A roupa limpa e confortável
Foi aos poucos ficado suja e suada
O riso murchou
A porta que esteve sempre aberta
Carrega as lembranças das esperas  
E o olhar triste
De quem não sabe se haverá primavera.

Alexandre Lucas   

segunda-feira, 4 de março de 2019


Eu que me abandono no canto do quarto
Procurando versos para se enrolar
Tranco-me num vaso de desejos
A noite parece silenciosa, mas dentro de mim faz barulho
O vaso quebra, sangro de palavras
E o poema escorre cheio de dor.  


Alexandre Lucas


Todos estão ocupados
Enquanto isso,  converso
Com os monstros desocupados
Eles sempre têm tempo, além do desejado
Escrevo
Como se tirasse espinhos dos olhos
É porque tem que sair
Enquanto converso como os monstros.

Alexandre Lucas   


Apaguei palavras e recomecei
O poema estava preso e o  poeta atordoado   
O poeta pari e aborta o poema
O poeta é o pai e a mãe do poema
Mas o poema já não é mais seu.  


Alexandre Lucas  

sábado, 23 de fevereiro de 2019


Estou fazendo o café
Lembrei da ligação
E fui organizar os livros
Cortei o papel
Desliguei o fogo
Varri a casa
Terminei o café
No caminho para banheiro
Lembrei da carteira de identidade
Escrevi uma poesia
Tomei um gole de café.
Eu não podia esperar  apenas pelo café.

Alexandre Lucas  

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019


Vejo versos vermelhos
Na tua boca maçã
Poema carnaval
Escrito no tecido erógeno da imaginação
Teus lábios tem uma escrita profana
Leio com gosto
Com o prazer que Eva teve ao comer a maçã
Pecado, é não descobrir o teu poema
Tão exposto,  na primeira página
Abaixo dos teu olhos.

Alexandre Lucas     

sábado, 16 de fevereiro de 2019


Casa, caso, casamento, acasalamento       
Entranhamentos
Na deriva
Casei comigo, em dias tranquilos
E em dias de tempestade
Fico para me separar
Parar e sentir o ar
Casar
Interminavelmente casamos.

Alexandre Lucas



Não era amor
Mas era abraço forte
Não era sexo
Mas parecia
Aquele homem vestia preto
Por cima do preto
Na escutava nada     
Não era asfixiofilia
Muito menos poesia
Extra , Extra, Extra
O supermercado tem comodidade  
Para cachorro da madame
Com personal dog
Mais um preto anônimo
É estrangulado
Na rotina dos homens de preto
    

Alexandre Lucas   

domingo, 3 de fevereiro de 2019


O café é a grande companhia
O jantar foi cancelado
As velas foram apagadas
Sobre a mesa uma salada de papeis e outras coisas
Para comer trago indelicadezas e uma gastrite
Prossigo, ainda tem na garrafa café e alguns desaforos.

Alexandre Lucas   



Eu sou homem que veste rosa
Que gostar de poesia,
Que fala de flor e de rosa
Que vai a sorveteria e as lojas de bijuterias
Que de cara não tem cara de homem
Sou desses homens que chora
No quarto e na praça
No momento só precisam saber que choro.

Alexandre Lucas  


Vasculhando meus olhos
Sentir saudades
Encontrei versos de pedaços cheios de cor
Saia rodada, cordel do fogo encantado
Peregrinações no teatro da vida  
Brilhos, estrelas e massagens nos olhos
Ainda lembro das massagens nos olhos
Como da homeopatia dos beijos e da sua evolução
Poema interrompido
A vida segue
E a poesia se reinventa.

Alexandre Lucas   

sábado, 2 de fevereiro de 2019


O poema engarrafado de uma noite de vinho
Guarda os olhos claros e o sorriso embriagante
Os versos que se fizeram nas praças e no estreito sofá
A lembrança da dança, da chuva e da alegria de correr pelas ruas
O brilho dos afetos, não se engarrafa
Anda solto
Não pede permissão
Entra, como luz,
Basta uma brechinha.

Alexandre Lucas    

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Eu que nunca menstruei
Entendo de várias outras menstruações
Existe sempre uma maça no caminho
Gostosa, irrecusável e na boca da cobra  
E um incomodo novo de tempos em tempos
Sangra, mas cessa
O pecado é inevitável.

Alexandre Lucas 
Quando criança acreditava no céu e no inferno
Brncava de construir castelos, inclusive de açúcar
O céu e o inferno e os castelos de açúcar existem, bem mais proximos e efêmeros
São como os sorrisos e as nuvens: passageiros
É como um beijo que nao dura um dia inteiro
Muito menos a eternidade
Mais todos os dias
Estamos construindo
O céu, o inferno e os castelos de açúcar.

Alexandre Lucas

Percebo que falo sozinho
Falo com os monstros   e o silêncio
Vou parindo um terço de inquietações
E no meio de quatro paredes sempre me refaço
Café amargo, sem ser coado
Palavras jogadas e organizadas
Quando não tenho muito tempo e sobra muita raiva, cuspo
Nem todos os dias são de delicadeza,
As vezes planto novas flores.

Alexandre Lucas 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019


Vi um menino chorando na multidão
Falava sozinho, resmungava
Olhava de lado e continuava sozinho
O choro dizia o não dito
O grito que no meio da multidão continuava sozinho
Como a formiga que não sobrevive no meio do mel.

Alexandre Lucas  

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019


Não decoro versos e nem formulas
Esqueço da chave e de fechar a porta
As vezes esqueço-me no pé do altar
Deixo o feijão queimar, porque esqueço
Outro dia esqueci que estava nu
Sair pelas ruas, sendo eu
Sem rótulos e roupas
Isso é raro,
Desde cedo nos colocam roupas, inclusive aquelas que não gostamos
Isso não tenho como  esquecer.

Alexandre Lucas