quarta-feira, 26 de setembro de 2018


A poesia não basta
Quando as letras são de ameaças
Quando coturnos e bíblias
Atravessam os céus
E esfregam as almas com ácido
Um exército sem cabeças, perambula  
Munidos de ódio e com código de barra adulterado
Carregam suas escopetas de músculos, narcisismo e pêndulos violados
Parem!
Não fazemos apenas poesia
O nosso verso é construído nas ruas,
Nas mãos que puxam outras mãos
No pão que se aprender a dividir em tempos áridos
Nas aulas de histórias que tentaram nos esconder
Nós também não andamos só
Porque o nosso verso é temperado no aço, no braço e no abraço.

Alexandre Lucas   


Rabisco desejos
Enquanto escuto a Imagen do teu riso
Poesia que escorre como história
Livro de pele e de arrepios , de amor
Aguardo o teu café quente
com todo o teu sabor
Tempero refinado de  delicadeza e despudor
Borboletas vão surgindo
Como arte e gratidão
No poema da epiderme.


Alexandre Lucas

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Na ponta da lingua vira poesia
A lingua que escreve com amor
Nas pontas dos dedos mais sabor
Teu corpo dedilhado com ternura
tua pele página guarda histórias
canções de liberdade
no verso composto do cuidar.

Alexandre Lucas
Mesmo diante do terreno de ódio, feridas e cicatrizes
Carrego uma primavera
Que faz curva e cura
Brilho e chuva
Faz inovação
Diante do frio
Quero sentir a respiração cantarolando desejos
E que não falte a flauta mansa das palavras, nem o incêndio da paixão
Em procissão de esperança
Acendo velas
vejo as silhuetas das nossas mãos fazendo versos.

Alexandre Lucas


A gente é um livro de muitas coisas
A cada página uma narrativa de luta
Vamos dando significados  as coisas e a  nós
Assim como  na arte, nada   é tão real como a realidade que criamos
Temos a liberdade de criar e nos criar,
recriar,
A vida é isso
Um livro escrito com infinitas mãos, algumas leves, outras fortes
Neste livro procuramos constantemente as páginas de  prazer.

Alexandre Lucas


Talvez gostaria de ser um pássaro
Voar,  em alguns momentos
Desbravar os céus
Descobrir a prisão e a liberdade de voar sozinho
Tempo, queda, vôo
A poesia já criou asas
Mas só voa com gente.

Alexandre Lucas


É tempo de Sol
E de florescer nos braços
De sentir o sorriso e o beijo molhado
O verso atravessa a lingua num desvelado  desejo
Flores de gostar e gozar se fazem   quentes
Como são quentes os corpos que  atestam a vida.

Alexandre Lucas


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Perderia-me no mar
Deixaria tuas ondas me navegar
Forte e devagar,
Molhado com o orvalho do teu prazer
Faço-me  anjo de cachos  e sexo
Sagradamente provo teus lábios e o gosto da tua  sucção
O céu azul fica estrelado
Enquanto fico derretido sobre o seu olhar.

Alexandre Lucas

sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Entre as linhas e o desejo, nada discrepante
Apenas meu corpo sobre o teu em intervalo
Distante
O beijo de fogo nas entranhas
Faz consenso de prazer
Eternamente, por um instante suspiro
Flores de braços e carnes
Desenham uma vontade inquieta.

Alexandre Lucas  

domingo, 9 de setembro de 2018

Com quantas gotas de sangue se faz uma facada?
Nenhuma!
A violência não precisa vir jorrada de facas, tiros e sangue
Na verdade, a violência não precisa nem vir. 
Gostaria de mandar um recardo para ela:
Não venha!
Será inútil
Ela não obedecerá
Enquanto não desaprendermos a deixar o sangue do outro guardado
A violência não manda recado
E se esconde nas mangas dos paletós
Na ausência dos sonhos e na presença dos pesadelos. 

Alexandre Lucas




Nem mico, nem mito
Minto, minto, minto  
Atrofio, fio, atroz   
Minto, minto, minto
Músculos, culto e força  algoz     
Minto, minto, minto
A verdade é
Minto, minto, minto
E como um piu programado
Minto, Minto, minto
E de tanto
Minto, minto, minto
A verdade parece não existir
Fora do minto, minto, minto.

Alexandre Lucas      

sábado, 1 de setembro de 2018

Deitado olho o horizonte azul,
Ainda sinto a lua piscar os olhos
Relembrando o afeto
Sonhos, daqueles se sente na pele
Caminho que fazemos
Na boca e na luta
Em tempos frios é preciso  resistência  com calor.


Alexandre Lucas
Escreveria com fidelidade na tua boca
Um poema provocante
Teus lábios como fitas
Estimula uma escrita temperada com fogo e paciência,
Quando as peles se cativam , é como uma amizade que se cuida
Fazendo uma escrita sedutora.


Alexandre Lucas