sexta-feira, 31 de janeiro de 2020


Tomo remédio 
Ele vem em palavras
Dosagem de nove palavras,
Pode ser menos
Pode ser mais
As vezes nem tomo
Dizem que não tem contraindicação
Tenho minhas dúvidas
Gosto quando me dão
As vezes devolvo um poema
Outras nem um até logo
Esqueço, quase sempre
É quase uma regra
E a palavra é só uma desculpa
Para remediar o desejo da carne
Do alvoroço, do beijo no carroço
É a busca da linguagem
Do encontro   suave
Daquele abraço forte, quente e carregado de esperança
É o vômito das coisas estragadas
No meio do pensamento.

Alexandre Lucas   

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Ler nos teus  grandes lábios
Pelas linhas tortas
A intensidade da tuas palavras gemidas
Língua que avança  para o infnito
Onde fica o desejo
Onde o ponto se faz reticência
E  a saudade brinca com a imaginação
Tuas pernas se abrem
Como livro cheio histórias e um caldeirão quente
Que molha nossas bocas
Para um banquete
De palavras escritas com o corpo
Leitura condensada  com o cuidado de não  deixar esfriar as linhas tortas e a escrita profana.

Alexandre Lucas

terça-feira, 28 de janeiro de 2020


Existe uma floresta que esconde o verso e o corpo
E a passagem de Capitu
Na silhueta vejo teus seios
pontiagudos e cheios de palavras  
Um caminho de reticências se faz
Mesmo assim
Brota dos teus lábios uma carta de amor profano
Como operária abelhinha adocica os pensamentos
E como felina é ligeira
Tua língua é capaz de voar ao infinito
A palavra é sempre uma entrega       
Para uma floresta descoberta
  
Alexandre Lucas


Teus olhos acesos tem um universo
De um mundo inquieto,
Colchas de línguas e de deserto
Humano desejo trafega
Com poder e delírio
No corpo que verseja o amor
Sem Damares e pastores.

Alexandre Lucas