Andava, nadava, dançava
Decepei as pernas e os braços
Balanço na rede e no redemoinho de palavras
A rua enterrou as flores
E as horas enganchou o ponteiro
As lágrimas
Andam, nadam e dançam
O galo hoje não cantou
Deu a vez ao poeta
Cansado, o poeta também não cantou
O poeta lembrou de Kássia Luiza, poeta também
Poeta desde que a dor chegou como palavra,
Ela costura versos
Diz que quer celebrar um novo mundo
e ser capaz de suportar a cidade
Apenas treze anos, já poeta
Mas quem disse que poesia tem idade?
A vida não é literatura, quem dera
Mas a literatura é a vida
Por isso decepo pernas e braços
Encontro com a poeta no fim do caminho e começo a plantar flores.