quarta-feira, 5 de maio de 2021

 Era um preto

Já morreu velho 

Quando pequeno achava que era branco, o preto velho

Quando apareceu meu cabelo branco 

Descobrir que meu avô era preto

Acho que nem meu avô, um preto que já era velho 

Não sabia de sua cor.  


Alexandre Lucas

segunda-feira, 3 de maio de 2021

 Comi um poema sorrindo 

E com purpurina traquinando nos olhos 

Enchi a boca de palavras e soprei como quem sopra sonhos

O poema chegava na barriga e acordava as borboletas 

E elas saiam voando e pintando os versos 

 Dentre as palavras tinha bolo de cenoura e chocolate 

Feito para compor a melhores partes do poema 

A parte do tempo e do cuidado, do agrado e da maciez dos gestos. 


Alexandre Lucas