sábado, 16 de março de 2013


Entre nuvens vejo as silhuetas dos teus seios
A leveza dos teus toques
A extinta a finidade
E aderência do desejo
Que se faz mar de prazer.

Alexandre Lucas  


Quero contornar o teu corpo como quem contorna o ar
Sentir a tua respiração condensada
A leveza e umidade dos teus lábios
Descobrir o do-in dos teus prazeres
E purificar a alma
Num baile ocular.

Alexandre Lucas


Passei a noite conversando 
Com o tempo e o vento
Comendo as migalhas que me restaram de algumas alegrias 
Abanando-me com o calor das lembranças 
e me acalmando com as teclas 
que me fazem respirar 
desta asfixia de paredes brancas 

Alexandre Lucas

Que as mãos decotem as vontades 
Façam silhuetas e erupções sobre o corpo 
Demarquem caminhos de utopias
E gerem sopros de prazeres 
e distensão de lábios

Alexandre Lucas

Acordo cedo, me parece até que recebo cutucadas do sol 
Armo o escritório na bolsa e saio veloz como a luz para a labuta 
Quando chega a hora de dormir, estou chegando em casa...
Faço isso durante trinta dias 
E ainda fico devendo a mim mesmo. 

Alexandre Lucas

Durante a tarde 
Veio aquele vento forte 
E um calor pedindo a despedida das roupas
E a vestidura de um corpo 
Banhado e com cheiro de jasmim 
Pra fazer da tarde brisa e 
Uma cama de jardim.

Alexandre Lucas

O soro ainda goteja
O braço continua estendido
A agulha entupiu
O sangue se desnorteia
E o buquê de flores...
Perdeu-se no meu do caminho 
O tumulto foi tão grande 
Que me esqueci de mim mesmo 
Imagina das flores. 

Alexandre Lucas

Um silêncio dentro de me bofeteava 
A comida chegou quente e sem gosto 
Comia devidamente apressado 
Queria se livrar de alguma agonia 
Talvez a agonia de ficar só na abundância de gente 
Ou a agonia para chegar logo em casa e provocar em palavras 
A comida indigesta da vida. 

Alexandre Lucas

Minha rosa vermelha murchou 
Guardava enfiada no jarro do coração
O coração quebrou e ficou espatifado pela casa 
Tropecei pelos seus cacos e me senti estalando
Seguro a rosa vermelha murcha com as duas mãos
E te ofereço para regá-la.

Alexandre Lucas

Deixo a roupa estendida no varal das lembranças 
Teu corpo ouriçado e teus mamilos pontiagudos 
Fisgam a sensatez e derrubam os santos das mesas 
Numa prece pressa de prazer 
Em procissão devoto os meus desejos
Acendendo velas para incendiar nossos corpos 
Que se embriagam e diluem de fazeres. 

Alexandre Lucas

Sinto o pulsar quente da tua barriga 
Roçando o juízo 
O toque acalentado 
Dos teus dedos 
A flor de desejo de teus olhos 
Convidando para um baile. 

Alexandre Lucas

Na desmedida ânsia
Perco-me nos sonhos 
Para me achar nos encantos dos teus contornos 
Perfazendo uma cartografia de prazer 
Mapeada com a língua e a oralidade 
Desenhando caminhos e identificando os teus sons 
E os percursos dos teus sabores 
Vamos nos fazendo bussolas 
Para orientar a multiplicidade dos nossos desmanches 
E terremotos de encantos 
Molhados , olhos revirados e sorriso lento
Aguardando recomposição dos dados. 

Alexandre Lucas

Andar de braços dados 
Num encontro de calmaria 
Resfriar-se a com sorvete para preencher as tardes vazias 
Soprar carinho no ouvido para fazer a alma abanar 
Voar levemente na busca do cantar 
Para o silêncio não se instalar. 

Alexandre Lucas

Goteja na poesia sangue e lágrimas
Um sorriso e um insulto 
O boa noite com a esperança do amanhã 
O até logo e o adeus
Na poesia espremesse as dores em forma de sumo 
e regar os gozos com jardins
Insulta o tempo 
E massageia a esperança 
A poesia não é a palavra rimada ou ritmada 
É antes de tudo a vida. 

Alexandre Lucas

Sentir o desprezo das tuas palavras como um abraço forte 
Tonto fiquei perambulando sobre jardim de alfinete 
Gritei silenciosamente e pulei freneticamente
e você pensando que eu dançava. 

Alexandre Lucas

Em véu vermelho me cubro de lágrimas 
Choro o sangue da vida
Manco, cego e com a respiração falha 
Subo aos montes
Faço trincheiras 
E escarro na cara 
Dos que se infiltram como companheiros
E blefam como camaradas. 

Alexandre Lucas

No caminho tinha um amor...
do lado do amor tinha uma pedra 
do outro lado tinha um abismo
e no meio do caminho tinha três caminhos. 

Alexandre Lucas

Fernandes Nogueira 
Todos dormiam 
E você amante do lençol 
Enroscassem na tua ultima poesia 
Depois disso nunca mais te vi...
Mas o seu poema continuou vivo

Alexandre Lucas 

*Fernandes Nogueira – poeta juazeirense que auto-se-desfez na madrugada de um sábado de uma ano qualquer do século 21.

Meus versos choram 
Minha alma se afoga 
Entre os travesseiros e lençóis 
Acordo-me molhado de pesadelos
Enquanto escuto os pássaros cantando melodias suaves
E se protegendo nos altares de luz da cidade. 

Alexandre Lucas

Os toques dos teus carinhos 
Passeando pelas minhas lembranças 
Cantarolam saudades. 
Os dias fazem chuvas e trovões 
Enquanto me encolham 
Nos meus lençóis. 

Alexandre Lucas

A cada notícia uma morte se faz 
As lagrimas já não existem 
O rosto sereno 
Mas parece uma fotografia 
De tão estático 
Os olhos não expressam emoções 
Com as mortes e as dores
Uma notícia em jaz sentimento. 

Alexandre Lucas

Algumas paredes enterram forças e sonhos 
Depilam as alegrias 
E o baile se inicia sem música 
O corpo se contorne 
Sobre os teclados 
Que denunciam os grilhões
E as poças de lágrimas 
Que se escondem por trás das redes. 

Alexandre Lucas

É como se a alma observasse o próprio corpo sendo triturando no moinho 
Uma dor sem fim, uma dor que dói só de se ver
Enquanto isso tento segurar um sorriso banguelo 
Entre a lucidez e a embriaguez do cansaço. 

Alexandre Lucas

Vomito os entalos da vida 
Tropeço nas palavras 
Para construir o verso 
Com rima e ritmo quebrado 
E desengasgar o grito. 

Alexandre Lucas

Iluminadamente só 
Faço-me candeeiro 
Enquanto escuto a orquestra dos grilos 
De um lado uma faca afiada para despir o lápis 
Um papel manchado de sangue 
É perfurado pela ponta do lápis 
E sem nenhuma palavra o poesia se fez. 

Alexandre Lucas

Só quero enforcar minhas dores 
No ultimo andar 
Quero que a língua fique para dentro 
E que nenhum falso sorriso sair saltitante pelo ar
Hoje a poesia se encolhe como se fizesse casulo 
Porque faz frio lá fora, 
Enquanto me queimo em inquietações.

Alexandre Lucas

A ausência chibateia os sonhos 
Como uma carta de morte, 
Finada ficou a estrada
Os brincantes se despiram
E saíram chorando
Pelas luas que se esconderam 
Pelas loas que se silenciaram

Alexandre Lucas