sexta-feira, 28 de outubro de 2022

 Apenas fui

O desejo que viajou

A tentativa de acertar 

O verso carregado de rosas

Os pedaços de bolo e brilho 

O descanso para o dia seguinte

O rosário de paciência

A mediação do conflito 

Os pés para acompanhar 

A partilha, o gozo, a massagem

A luta, o arar da terra, o plantar  

O café de final de tarde 

O pedalar, o livro e o sonhar

O preenchimento do horizonte

O chocolate amargo

O abraço  forte, quente e acolhedor

O manifesto companheiro

O poema possível para dias quentes e frios

O viajante da estrada que segue

O amor que não morre 

Em tempos de partida. 



Alexandre Lucas

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

 Eu que não sou de aço

Sinto o vento e o fio da navalha 

A palavra e a mão que acaricia 

O ruído, a partida e a barriga 

A flor que seca 

Eu que não sou o aço

Destempero mais rápido 

Fácil me desfaço 

Como o fio frágil da aranha

Sigo, paro, choro, 

Tento, caio e grito 

Eu que não sou de aço

Faço-me sangue, mar e gozo 

Passo a corda,  sinto desejos, pedalo, estrago 

Trago no peito as pétalas das rosas e as folhas de seda

Os espinhos 

Os molotovs para incendiar o frio

As pedras, os paus, os  punhos e um megafone para gritar: 

Aqui não ė o aço. 


Alexandre Lucas

domingo, 2 de outubro de 2022

 As ruas camufladas de santinhos

Vômitos da noite passada 

Rostos pisados

Silêncio, clima de enterro

Pessoas disfarçadas

Temendo morrer 

Atravesso algumas praças agarrado em Cida   

Leio do início ao fim: Gris

Vejo a cor Cida-de

Nu verso da essência

Já consigo ver o sorriso da poeta 

Empunhando esperança 

Dançando com uma bandeira vermelha

A rua já pode ser outra 

Larga e construída de sonhos 

E com uma primavera de cidas! 


Alexandre Lucas