sexta-feira, 16 de abril de 2021

 

Você abriu a porta com aquele vestido aparente seios

E uma voz macia que parecia fazer cama

Seu corpo nu configurava na tela atravessado de facas e tesouras

Teus olhos cor de esperança declarava ternura

E escondia um turbilhão de segredos

Líquidos de uva, acalentava descobertas numa dislexia de afetos

Tuas palavras recheadas de mãos me faziam sentir a dança das folhas e os terremotos

Já conversávamos quase despidos, ainda não dava para ver as cicatrizes

Apenas os olhos famintos de quem quer descobrir o mundo numa noite

Enquanto isso nossos dedos se despediam com juras de cafuné.  

   

Alexandre Lucas

sexta-feira, 9 de abril de 2021

 

 

O momento é de abrir igrejas e de edificar valas

De erguer profetas do dinheiro e da mentira

De esconder o evangelho em butijas sem mapas

De fazer filas para o dízimo e para morte  

Quantos tombaram procurando deus entre as paredes

E nos humoristas do ódio, travestidos de pastores?

Mas o momento também é de negar a mentira

De eleger outras verdades,

De colocar na balança a ciência e a vida,

De segurar esperança e não desabraçar do que deixa a alma em pé.

 

Alexandre Lucas

terça-feira, 6 de abril de 2021

 Recebo confidências de amor em cartas rabiscadas de suor

Efêmeras paisagens de sonoridades de prazer

Lacradas de segredos,

 Se perdem nos quartos

As vezes encontramos abertas

Para lidas de saudade.

 

Alexandre Lucas