quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Parece que os olhos sempre  denuciam
O indigesto e o gesto do desejo
O código que tem um segredo perdido
Num  olhar atento
Texto de letras embasadas
A leitura poderá sair
Das advinhações
Dos tabuleiros que colocamos na vida.

Alexandre Lucas

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Reescrever as palavras com outras palavras
Falamos amor infinitas vezes
Sem usar a palavra amor
Vamos reinventar as palavras para reaprender a caminhar
Usaremos azul, verde e amarelo quando  for necessário
E  o vermelho quando for possível
Tomaremos mais café com Marias e Raimundos
Entraremos na fila só para ganhar mais força
Todos os dias escreveremos cartas sem palavras para o capitão
E rios de livros para o povo debulhar sonhos
Existir será sempre  uma certeza para resistir
Como cupins, trabalharemos
Da madeira de lei
Tocaremos o samba que nos une, com suor e brilho nos olhos, com panela cheia e o direito de amar.



Alexandre Lucas

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Escrevo versos quando estamos juntos
Quando nossos olhos brilham
E nossos sorrisos brindam  
Quando sentamos nas praças
Tomamos café
Quando nos agradamos das flores, borboletas e crianças
Quando sinto a tua mão é sinal que estamos juntos
Escrevo versos quando partilhamos a comida
Mas nem só de prazer escrevo versos
Escrevo quando estou com medo
E escuto gritos entorpecidos
Quando vejo gatilhos sem freios 
E ódios incessantes,
A comunicação veloz do capital
Vendando, triturando e bombardeando
Escrevo um verso doce cheio de firmeza
Só para dizer a dureza
Que não escrevo sozinho.


 Alexandre Lucas  
O girassol amanheceu
abatido,
Como um verso quebrado
O mundo com pétalas secas se fez desesperança
Ainda existem sementes 
Os girassóis nascerão
Com a consciência de um novo tempo
brilhos brotarão como flores na primavera
Coragem, o povo sabe plantar girassóis
E voar alto, além dos sonhos
Colher equilíbrio e lutar insistemente por pão, cama e felicidade.
Alexandre Lucas