sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Quando eu olho
vejo além do olho
Parte do olho é mundo
A outra parte é eu jogado no mundo
O poema é olho
Furado ou brilhante
Sangrando ou lacrimejando
Longo ou curto
Murcho ou florido
No poema tudo pode faltar
Menos o olho.

Alexandre Lucas 

Dentro mim  águas turbulentas
A superfície árida da realidade, o verso ácido
Querem nadar comigo
Não tem indecisão
Quando querem me ensinar a nadar
Decido voar

Alexandre Lucas

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

No calor da pele
Sinto a respiração
Falando melodias quentes
Ainda balanço na rede a preguiça e as lembranças
O tempo exige pressa
Tenho que correr para tomar café e me encontrar com asfalto e concreto
Talvez sobre tempo para um gole de água
Mas não sei se terá nem meio dedo de prosa
Mesmo assim, tempero as palavras para que a vida tenha gosto. 


Alexandre Lucas

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Gostaria de ler lábios
E sentir  cada palavra
Quente e molhada
Entre um livro e um  banho
Receber as mãos
Tateando o viver
O cansaço consome a cabeça
Preciso de um chá
que  me afaste do sono  e que venha com lábios  e sonhos.

Alexandre Lucas



Na cidade ou no campo
Brotam flores e dores
A felicidade é o verso mais procurado
Bandeiras de paz são hasteadas em terrenos de  guerra
Na garra se faz doce e se jorra sangue
E entre o céu e o sonho
A vida se desenrola na terra.

Alexandre Lucas


Para cada intervalo  frio da vida
Uma xícara quente de café
Acompanhada de uma língua em brasa de doçura
Tricotando com beijos e mordidas delícias
As mãos escritas nas costas apontando o código forte do desejo incontido.

Alexandre Lucas



O homem agoniza na multidão 
Mas Drummond é mais importante 
O homem na mesa é um verso de dor, mas o riso é mais importante 
Estendeu-se no papel o corpo do homem 
Mais o homem já não estava mais aqui 
Existem coisas mais importantes que o homem. 

Alexandre Lucas 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Qual seria a desenvoltura de dois corpos vestidos de pudores?
Eu gosto do verso nu
Da delicadeza sem arrodeios,  da palavra forte e do beijo molhado
Da esperança do reencontro
Do carisma feito de lenço de paz
Gosto do despudor
Cheio de afeto e caragem
Das pernas entrelaçadas e voz da liberdade.

Alexandre Lucas
Doar parte de mim
Voar  permeado com teu calor , ir aos céus
Viajar por alguns instantes na rua  boca  para cultivar flores, sabores e o gosto de viver
Se a felicidade é a uma fortaleza instantânea
Que seja constante
Pois, a  vida é um bosque
Onde procuramos
Incansavelmente sombras para amar.

Alexandre Lucas

quarta-feira, 14 de novembro de 2018


Vi uma rosa branca, num quintal de angústia
Seu coração, se é que as rosas têm coração
Cheirava continuamente...era tempo de cheirar
Ainda existia perfume
Um desejo de conquistas
Saúde, paz e amor
Bordava os sonhos   
Com uma dedicação
Que só uma rosa branca, no meio de um quintal de angústia
 Poderia brotar a cada dia como uma poesia.

Alexandre Lucas  

Escrevo com a liberdade que não tenho
O sonho é sempre uma escrita proibida
Até mesmo quando a simplicidade o compõe
De tempo em tempos
O prazer e o sorriso podem ser censurado
O deus do ódio usa maquiagem e artificializa a  bondade
Os tiros viram música
O amor uma extinção
Mas a todo tempo a vida resiste.

Alexandre Lucas
Gostaria de ler lábios
E sentir  cada palavra
Quente e molhada
Entre um livro e um  banho
Receber as mãos
Tateando o viver
O cansaço consome a cabeça
Preciso de um chá
Que  me afaste do sono  e que venha com lábios  e sonhos.

Alexandre Lucas

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O canto foi um verso de dor,
A tristeza se fez paisagem
Mas entre as rachaduras do concreto se espriguiçavam às flores
A simpatia multicolor
Se fez força, energia que se  faz voz, punho e poesia
E entre as rachaduras descobrimos o amor.

Alexandre Lucas