sábado, 11 de abril de 2020

Ontem quase arrastaram nossa coragem
Com botas e palavras, com olhos esbugalhados e corações perfurados
O texto foi censurado e nossos nomes apagados
Tenho medo, quero abraçar meus camaradas 
Pegar na mão e sair organizando os sonhos 
Algo nos isola, 
Parece que o lugar mais seguro são nossas casas,
Nem todos estão seguros
Na rua, o papelão é a única casa para alguns 
Isso dói, porque minha casa continua sendo o mundo, nossas vidas
O desejo de dividir sorriso, terra e produção,     
De ver nosso povo escrevendo nossa história
A ciência ampliando o bem viver
Para gente produzir, estudar e amar,   
O poema não pode ser lido pela metade
Gosto de sentir o gosto do beijo e da comida
Esmagar os pesadelos,
Por nós e pelos nossos lutamos, o nosso verso não vai morrer
Lembro de Frida e o quanto as suas dores eram universais
Sinto, que não choro só, nosso choro nos banha de amor
Mesmo nada sendo permitido,
Ousamos sonhar
Amanhã vamos nos abraçar, olho no olho e brilhos
Ainda pula a coragem e a esperança se sacode
Hoje, continuamos fiando a nossa rede e nosso canto coletivo. 


Alexandre Lucas

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