domingo, 26 de abril de 2020

Desfaçamos do nosso apartamento
Ele fica vazio, com poucas luzes,  frio e cinzento
A porta ficar emperrada
Falta comida, palavras e alguém para escutar
As torneiras jorram lagrimas e os canos de tanta dor quebram
Fiquemos no relento
Olhando para os céus
Vendo as flores crescerem no horizonte e entre os nossos pés
Lembra?  Já dormimos olhando para as estrelas
E num quarto quente que tinha formato de ferro de engomar
Caminhamos com bandeiras estendidas e divagamos sobre a vida
Tem um forno de saudade, em que o tempo vai aquecendo
Histórias de ternura e cumplicidade
Contínuo querendo dividir os cafés, chás e biscoitos
Saber dos teus sonhos e das luas, aquelas que são só tuas
Enquanto escrevo te vejo, uma balzaquiana indecifrável
Parece que algo parou no tempo, logo o tempo que não para
Nossos cachos precisam da luz dos nossos encontros
Prefiro a nossa casa que tem risos e onde posso te chamar de irmã
Onde a palavra camarada faz sentido,
Tratemos de desafazer desse apartamento, ele não nos cabe
Somos tão grandes juntos e ele fica tão espremido.

Alexandre Lucas

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